“Sou como um pelicano do deserto, que fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os seus filhos”. São Jerônimo
A principal característica do pelicano é única: uma bolsa membranosa que prende o bico, duas ou três vezes maior que seu estômago, que tem a finalidade de armazenar alimento por um determinado tempo.
Assim, como a maioria das aves aquáticas, possui os dedos unidos por membranas. Eles são encontrados em todos os continentes, com exceção da Antártida; medindo até três metros, de uma asa a outra e pesando até 13 quilos. Os machos são normalmentemaiores e possuem bicos mais longos que as fêmeas e alimentam-se de peixes.
Na Europa medieval eram considerados animais especiais e zelosos que alimentavam os filhotes com o alimento que extraíam da sua própria bolsa e chegando a faltar alimento, dava-lhes o seu próprio sangue. Daí tornar-se um símbolo da Paixão de Cristo, da Eucaristia e da auto-imolação, costumando a sofrerem de uma doença que os deixavam com marca vermelha no peito. Outra versão de que eles costumavam matar os filhotes e, depois, ressuscitá-los com seu sangue, o que seria análogo ao sacrifício de Jesus.
Fiel Pelicano! Bondoso Pelicano! Capaz de nos salvar com uma só gota de seu sangue.
O que pode ilustrar ainda mais esse símbolo é a oração composta por Santo Tomás de Aquino, a pedido do Papa Urbano IV, para a adoração do Santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor:
1.Eu vos adoro devotamente, ó Divindade escondida, Que verdadeiramente oculta-se sob estas aparências, A Vós, meu coração submete-se todo por inteiro, Porque, vos contemplando, tudo desfalece. 2.A vista, o tato, o gosto falham com relação a Vós Mas, somente em vos ouvir em tudo creio. Creio em tudo aquilo que disse o Filho de Deus, Nada mais verdadeiro que esta Palavra de Verdade. 3.Na cruz, estava oculta somente a vossa Divindade, Mas aqui, oculta-se também a vossa Humanidade. Eu, contudo, crendo e professando ambas, Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido. 4.Não vejo, como Tomé, as vossas chagas Entretanto, vos confesso meu Senhor e meu Deus Faça que eu sempre creia mais em Vós, Em vós esperar e vos amar. 5.Ó memorial da morte do Senhor, Pão vivo que dá vida aos homens, Faça que minha alma viva de Vós, E que à ela seja sempre doce este saber. 6.Senhor Jesus, bondoso pelicano, Lava-me, eu que sou imundo, em teu sangue Pois que uma única gota faz salvar Todo o mundo e apagar todo pecado. 7.Ó Jesus, que velado agora vejo Peço que se realize aquilo que tanto desejo Que eu veja claramente vossa face revelada Que eu seja feliz contemplando a vossa glória. Amem | 1.Adoro te devote, latens Deitas, Quae sub his figúris vere látitas Tíbi se cor méum tótum súbjicit Quia te contémplans tótum déficit. 2.Vísus, táctus, gústus in te fállitur, Sed audítu sólo tuto creditur Credo quídquid díxit Dei Fílius Nil hoc verbo veritátis vérius. 3.In crúce latébat sola Deitas, At hic látet simul et humánitas Ambo tamen crédens atque cónfitens, Péto quod petívit látro paénitens. 4.Plagas, sicut Thomas, non intúeor Déus tamen méum te confíteor Fac me tíbi semper magis crédere, In te spem habére, te dilígere. 5.O memoriále mórtis Dómini, Pánis vívus vítam praéstans hómini, Praésta méae ménti de te vívere, Et te ílli semper dulce sápere. 6.Pie pellicáne Jésu Domine, Me immundum munda túo sánguine, Cújus una stílla sálvum fácere Tótum múndum quit ab ómni scélere. 7.Jesu, quem velátum nunc aspício, Oro fiat illud quod tam sítio Ut te reveláta cérnens fácie, Vísu sim beátus túae glóriae. Amem. |
Para este hino temos uma bela interpretação por um irmão da Toca de Assis (não sei se o arranjo é da Toca):
Reconheçamos a divindade escondida no Santíssimo Sacramento, pois baseados em tato e vista podemos falhar, mas na fé não. Se entendêssemos os mistérios de Deus Ele não seria Deus. Precisamos apenas nos render e adorar, dobrando joelhos e também o coração.
"Aquele Leão, por ser tão grande
me roubava as palavras.
E não ter as palavras prolongava-me o gozo
E não ter as palavras prolongava-me o gozo
de observá-lo."
Adélia Prado
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