A Fraternidade Jesus Salvador é uma grande família do povo de Deus, formada por três ramos: o Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador, o Instituto Missionário Servas de Jesus Salvador e os Servos Evangelizadores do Reino - SER (Ordem Terceira - Leigos), e um movimento de jovens chamado Juventude Salvista. Todos vivendo sob o mesmo carisma, espiritualidade e apostolado, o que garante a unidade e a inspiração de toda a obra de Jesus Salvador. Saiba mais...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Espiritualidade Quaresmal


Quaresma é um tempo favorável de voltar-se para Deus. É bom ter sede de Deus! E nesse tempo devemos estar todos sedentos daquele que do seu interior manarão rios de água viva (cf. Zc 14,8; Is 58,11).
É por Ele que esperamos. Nele cremos, nos movemos e somos. Então este tempo propício também deve nos levar a um autoconhecimento e mudança de vida que nos torne mais abertos a vivência da Páscoa.
Quando fazemos a experiência do autoconhecimento mediante aquilo que se medita na Quaresma – paixão e morte de Jesus -, é certo de que chegaremos a um ponto comum: Deus é misericórdia. Especialmente na nossa vida, nas feridas com as quais nos deparamos, nas sombras que nos deparamos dentro de nós, Deus age em uma infinita misericórdia.
E neste ponto, quando enxergamos Deus como o único necessário nas nossas misérias e fracassos, podemos verdadeiramente lembrar que somos pó, e ao pó voltaremos; converter-nos e crer no Evangelho.
Quando vemos nossas misérias, devemos tê-las diante do Crucificado. É nele que encontraremos consolo, naquele que abraçou a humanidade, exceto o pecado. Entrar no mistério da Cruz, mas não para ali permanecer. Encontrar Jesus Crucificado para que com Ele ir além. Ter a Cruz como memorial da salvação.
A Quaresma tem que ser para nós o despertar de uma espiritualidade autêntica, renovada. Por isso em nossas paróquias nos cercamos de piedades – o rosário, a via-sacra, o ofício de trevas, etc. -, que nos apontam para o Mistério.
Mas, se nos adaptamos às práticas de piedade sem levar para elas o nosso coração, tornaremos da Quaresma, com toda a sua mistagogia, uma simples vestição de máscaras. Paganizaremos o tempo propício da conversão. Traremos figurativamente para este tempo as manifestações que deveriam acontecer e morrer no carnaval.
Assim, teremos uma máscara do jejum, uma de esmola, outra de abstinência. Cada prática de piedade tornar-se-á hipocrisia, teatro, e de muito mau gosto!
 Do contrário, precisamos nos utilizar dos elementos litúrgicos e piedosos como ponte que leva ao Mistério.
A própria Quaresma é repleta de uma pedagogia litúrgica que devia ser mais presente em nossa mente.
Desde a Quarta de Cinzas perdemos elementos na liturgia. Já nos é tirado o Aleluia, o Glória. As palmas não aparecem mais. Nossos gestos passam a ser moderados.
Usemos de modo sóbrio
Da fala, bebida e pão,
Do sono e do riso e, atentos,
Peçamos a Deus perdão. 
(Hino para Hora Terça, Tempo da Quaresma. Liturgia das Horas, tomo II).
Os altares já não são ornados com flores, os músicos se contentam apenas com um violão, talvez um órgão, e suas vozes.
No Quinto Domingo da Quaresma as imagens e ícones são velados com mantos.
A partir da Missa da Instituição da Eucaristia, popularmente do Lava-Pés, a Eucaristia é reservada em um monumento a parte à paróquia e nossos altares são desnudados.
Na Sexta-Feira da Paixão nem mais a Santa Missa temos. O povo de Deus se reúne e celebra a Solene Ação Litúrgica, onde se comunga da Eucaristia que estava reservada, e até a Vigília Pascal não temos mais Eucaristia, nem Missa.
Ficamos no vazio. Nosso Orto propício, nosso encontro com o Cristo em sua mais sublime solidão. Mas Orto e Calvário são reservados para os maduros, os crescidos na fé. Aqueles que de encontro com suas misérias souberam reconhecer: o Senhor é meu auxílio, nada temo.
Todo este silêncio e vazio para prorrompermos o Sábado Santo com o Aleluia, as Núpcias do Cordeiro! A Quaresma é tão especial, tão única, que para bem celebrarmos é preciso o despojar, não só do altar e dos ritos, mas do coração.
Precisamos do compromisso de nos renovar, ainda é tempo!

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