Diante da temática Fé e
Razão não há um confronto de temas antropológicos. Temos na verdade, a aposição
de dois aspectos dependentes um do outro no homem. Ambas, a Fé e a Razão se
complementam como o melhor recurso na busca pela Verdade, inerente ao homem e
sua realização enquanto ser.
O homem em seu
desenvolvimento alcança a virtude da sabedoria e passa a questionar o mundo e a
si mesmo. Sua condição espiritual, cultural e político-social o permite
percorrer um caminho não apenas para o cosmos, mas principalmente para o seu
interior, onde encontra as questões mais complexas e os dados essenciais que
apontam para sua existência. A razão do homem o privilegia, e é importantíssima
para a dignidade do seu ser. Com ela a humanidade caminhou para uma compreensão
acertada de questões últimas. Este amor à sabedoria foi o maior impulso do
homem em direção à Verdade.
Entretanto, afastar a
verdade de sua transcendência dissolve seu dado de unidade, e dá margem ao uso
indevido da razão. Vemos isto especialmente no relativismo, que suprime grandes
afirmações filosóficas e reduz a Verdade ao homem. Seria uma tentativa inversa
do caminho percorrido pela Filosofia, e neste caso a Verdade estaria em busca
do homem? Se esse foi o anseio intrínseco de todo pensamento filosófico
insensato, teve sua resposta na Revelação, em Jesus, aquele que revela o Pai. A
Revelação é um ponto de partida concreto para a compreensão da Verdade Incriada.
"Percebendo seus limites, o saber e o crer se comprometam a ortodoxa e paulatinamente integrarem-se com um escopo bem definido: a Verdade; que não é diferente para um ou outro."
A Fé por sua vez, surge da
inclinação humana ao transcendente, e se mostra também como uma forma de
sabedoria. Há, cedo ou tarde, a necessidade de basear a existência numa verdade
sólida, absoluta, crível. O dado da fé humana é uma ponte para Deus, e nele não
há expectativa científica ou empírica de concentrar Deus num plano constatável.
Do contrário a partir da constatação a fé por si perderia sua finalidade. Mas,
a fé unida à razão leva a uma verdadeira reflexão transcendente, e é nos Santos
Padres do Deserto que encontramos a firmeza desta experiência.
Para lidar com a
profundidade da reflexão humana no âmbito da Filosofia e da Teologia é
necessário assegurar a reta intenção de seus responsáveis, a fim eliminar toda
ambigüidade e interesse pessoal que possa levar a má condução à Verdade.
Percebendo seus limites, o saber e o crer se comprometam a ortodoxa e
paulatinamente integrarem-se com um escopo bem definido: a Verdade; que não é
diferente para um ou outro.
Um grande problema do homem é estar
desamparado pela Fé e Razão. Uma perdida num espiritualismo que “demoniza” o
ser, e a outra se isolando cada vez mais num ser que há muito deixou de ser o
homem na sua identidade profunda. A purificação desses aspectos humanos, Fé e
Razão, nos dará novamente uma ampla visão sobre a plenitude e a eloqüência da
Verdade.
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