A Fraternidade Jesus Salvador é uma grande família do povo de Deus, formada por três ramos: o Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador, o Instituto Missionário Servas de Jesus Salvador e os Servos Evangelizadores do Reino - SER (Ordem Terceira - Leigos), e um movimento de jovens chamado Juventude Salvista. Todos vivendo sob o mesmo carisma, espiritualidade e apostolado, o que garante a unidade e a inspiração de toda a obra de Jesus Salvador. Saiba mais...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sobre a Amizade

Tratado sobre a amizade espiritual, do beato Elredo, abade

Verdadeira, perfeita e eterna amizade.

Jônatas, jovem de grande nobreza, sem olhar para a coroa régia nem para o futuro reinado fez um pacto com Davi, igualando assim, pela amizade, o súdito ao senhor. Deu preferência a Davi, mesmo quando este foi expulso por seu pai o rei Saul, tendo de se esconder no deserto, como condenado à morte, destinado à espada. Jônatas então humilhou-se para exaltar o amigo perseguido: Tu, são suas palavras, serás rei e eu serei o segundo depois de ti.

Que espelho estupendo da verdadeira amizade! Admirável! O rei, furioso contra o servo, excitava todo o país contra um possível rival do reino. Assim, acusava sacerdotes de traição, trucidando-os por uma simples suspeita. Percorria as matas, esquadrinhava os vales, cercava com suas tropas os montes e penhascos, fazendo todos prometerem torna-se vingadores da indignação real.

Entretanto, Jônatas, o único que poderia ter razão de invejar, só ele julgou dever resistir a seu pai, oferecendo a paz ao amigo, aconselhando-o em tão grande adversidade, preferindo a amizade ao reino: Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti. Em contrastes, vede como o pai estimulava a inveja do adolescente contra o amigo, apertava-o com repreensões, amedrontrava-o com ameaças de ser despojado do reino, prometendo privá-lo da nobreza.

Quando pronunciou sentença de morte contra Davi, Jônatas não abandonou o amigo. Por que deve morrer Davi? que culpa tem? que fez ele? Tomou sua vida em suas mãos e feriu o filisteu e tu te alegraste. Por que então irá morrer? A tais palavras, louco de cólera, o rei tentou transpassar Jônatas, com a lança contra a parede, ameaçando aos gritos: Filho de mãe indigna, bem sei que gostas dele para vergonha tua, confusão e infâmia de tua mãe. Depois vomitou todo o veneno sobre o coração do jovem, acrescentando incentivo á sua ambição, alimento à inveja, estímulo à rivalidade e à amargura: Enquanto viver o filho de Isaí, não se estabelecerá o teu reino.

Quem não se abalaria com tais palavras? Quem não se encheria de inveja? Que amor, que agrado, que amizade elas não corromperiam, não diminuiriam, não fariam esquecer? Jônatas, o moço cheio de afeição, guardou o pacto da amizade, forte contra as ameaças, paciente contra o furror, desprezou o reino por causa da maizade, esquecido das glórias, bem lembrado da graça. Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti.

Esta é a verdadeira, perfeita, estável e eterna amizade, aquela que a inveja não corrompe, suspeita alguma diminui, não se desfaz pela ambição. Assim provada, não cede; assim batida, não cai; assim sacudida por tantas censuras, mostra-se inabalável e, provocada por tantas injúrias, permanece imóvel. Vai, então, e faze tu o mesmo.

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Fiel Pelicano

Símbolo do sacrifício e da doação de si mesmo:

“Sou como um pelicano do deserto, que fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os seus filhos”. São Jerônimo


A principal característica do pelicano é única: uma bolsa membranosa que prende o bico, duas ou três vezes maior que seu estômago, que tem a finalidade de armazenar alimento por um determinado tempo.


Assim, como a maioria das aves aquáticas, possui os dedos unidos por membranas. Eles são encontrados em todos os continentes, com exceção da Antártida; medindo até três metros, de uma asa a outra e pesando até 13 quilos. Os machos são normalmentemaiores e possuem bicos mais longos que as fêmeas e alimentam-se de peixes.


Na Europa medieval eram considerados animais especiais e zelosos que alimentavam os filhotes com o alimento que extraíam da sua própria bolsa e chegando a faltar alimento, dava-lhes o seu próprio sangue. Daí tornar-se um símbolo da Paixão de Cristo, da Eucaristia e da auto-imolação, costumando a sofrerem de uma doença que os deixavam com marca vermelha no peito. Outra versão de que eles costumavam matar os filhotes e, depois, ressuscitá-los com seu sangue, o que seria análogo ao sacrifício de Jesus.


Fiel Pelicano! Bondoso Pelicano! Capaz de nos salvar com uma só gota de seu sangue.



O que pode ilustrar ainda mais esse símbolo é a oração composta por Santo Tomás de Aquino, a pedido do Papa Urbano IV, para a adoração do Santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor:

1.Eu vos adoro devotamente, ó Divindade escondida,
Que verdadeiramente oculta-se sob estas aparências,
A Vós, meu coração submete-se todo por inteiro,
Porque, vos contemplando, tudo desfalece.
2.A vista, o tato, o gosto falham com relação a Vós
Mas, somente em vos ouvir em tudo creio.
Creio em tudo aquilo que disse o Filho de Deus,
Nada mais verdadeiro que esta Palavra de Verdade.
3.Na cruz, estava oculta somente a vossa Divindade,
Mas aqui, oculta-se também a vossa Humanidade.
Eu, contudo, crendo e professando ambas,
Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido.
4.Não vejo, como Tomé, as vossas chagas
Entretanto, vos confesso meu Senhor e meu Deus
Faça que eu sempre creia mais em Vós,
Em vós esperar e vos amar.
5.Ó memorial da morte do Senhor,
Pão vivo que dá vida aos homens,
Faça que minha alma viva de Vós,
E que à ela seja sempre doce este saber.
6.Senhor Jesus, bondoso pelicano,
Lava-me, eu que sou imundo, em teu sangue
Pois que uma única gota faz salvar
Todo o mundo e apagar todo pecado.
7.Ó Jesus, que velado agora vejo
Peço que se realize aquilo que tanto desejo
Que eu veja claramente vossa face revelada
Que eu seja feliz contemplando a vossa glória. Amem
1.Adoro te devote, latens Deitas,
Quae sub his figúris vere látitas
Tíbi se cor méum tótum súbjicit
Quia te contémplans tótum déficit.
2.Vísus, táctus, gústus in te fállitur,
Sed audítu sólo tuto creditur
Credo quídquid díxit Dei Fílius
Nil hoc verbo veritátis vérius.
3.In crúce latébat sola Deitas,
At hic látet simul et humánitas
Ambo tamen crédens atque cónfitens,
Péto quod petívit látro paénitens.
4.Plagas, sicut Thomas, non intúeor
Déus tamen méum te confíteor
Fac me tíbi semper magis crédere,
In te spem habére, te dilígere.
5.O memoriále mórtis Dómini,
Pánis vívus vítam praéstans hómini,
Praésta méae ménti de te vívere,
Et te ílli semper dulce sápere.
6.Pie pellicáne Jésu Domine,
Me immundum munda túo sánguine,
Cújus una stílla sálvum fácere
Tótum múndum quit ab ómni scélere.
7.Jesu, quem velátum nunc aspício,
Oro fiat illud quod tam sítio
Ut te reveláta cérnens fácie,
Vísu sim beátus túae glóriae. Amem.
Para este hino temos uma bela interpretação por um irmão da Toca de Assis (não sei se o arranjo é da Toca):



Reconheçamos a divindade escondida no Santíssimo Sacramento, pois baseados em tato e vista podemos falhar, mas na fé não. Se entendêssemos os mistérios de Deus Ele não seria Deus. Precisamos apenas nos render e adorar, dobrando joelhos e também o coração.


"Aquele Leão, por ser tão grande
me roubava as palavras.
E não ter as palavras prolongava-me o gozo
de observá-lo."
Adélia Prado